Se eu fosse um roteirista de filmes de terror, beberia em uma das maiores fontes pra esse estilo de filme: a bíblia. Pode parecer estranho, eu sei.
Mas, imagine um filme de terror baseado no dilúvio de Noé. Você deve está se perguntando: o que uma história que passa um grande ensinamento, que fala sobre uma grande arca que continha inúmeras espécies que vieram em casais, tem a ver com um filme de terror? Tem, e muito! Eu explico.
Você já parou pra pensar em como seria assustador e torturante ver inúmeras pessoas morrendo afogadas? Você já imaginou crianças sendo atiradas contra as rochas e sendo despedaçadas? Você já parou pra pensar nos corpos de animais e pessoas boiando, podres e fedentinos? Quer algo mais macabro que isso?!
Claro, há outras histórias que também seriam uma ótima inspiração. Sodoma e Gomorra, por exemplo. Eu sei, você vai dizer que aquele povo era prosmícuo, pecadores doentios e que foram punidos por deus. Mas a parte que interessaria ao filme não seria essa. E qual seria? Por acaso, você esqueceu que a cidade foi destruída com fogo? Imagine as pessoas correndo pelas ruas com os corpos em chamas, as crianças gritando de dor enquanto o fogo as consome, as mulheres grávidas em pânico, os idosos parecendo tochas, as pessoas tendo seu corpo derretido pelo fogo, as peles, os rostos, os membros, tudo queimando. Quer algo mais forte que isso? E não nos esqueçamos que tínhamos uma vilão: Ló. Não foi ele que ofereceu sua filha pra seus vizinhos “conhecerem”? Um pai assim, só vemos em filmes de terror ou algo parecido.
Há também as guerras. Eu sei, guerras não são filmes de terror. Você tem razão. Então, vamos deixar um pouco os filmes de terror de lado e vamos “investir” em filmes de guerra. A invasão do povo hebreu pra tomar a terra dos anorreus, seria uma boa ideia, não acha? Já pensou nas pessoas sendo mortas a golpes de espada, como nos filmes que vemos? Já pensou como o espectador vai ficar grudado na tela quando ver mulheres e crianças tendo suas entranhas abertas, suas cabeças cortadas? Com certeza, o espectador ficará muito emocionado ao ver o medo e o desespero no rosto dos filhos indefesos e inocentes, enquanto seus pais são brutalmente assassinados em sua frente. Em uma guerra daquele porte, é extremamente possível que haja muitos estupros, pessoas feitas escravas. Afinal, guerra é guerra! Se eles cortam crianças ao meio com espadas, isso pra eles seria moleza! E pra finalizar, milhares de corpos de inocentes, empilhados e queimados. A plateía ficaria olhando aquela fumaça e refletindo, enquanto aquele letreiro dos finais de filme, passava.
E pensando bem, um filme sobre a invasão do povo hebreu a terra dos amorreus, tem algo semelhante a filmes de terror: não tem final feliz.
Se eu fosse me inspirar na bíblia pra criar filmes de guerras, eu teria muita coisa a meu dispor. Guerras e invasões é o que não faltam. E guerras, como sabemos, são repletas de torturas, gritos, choro, raptos, sangue, corpos dilacerados, crianças, idosos, mulheres grávidas ou não, deficientes físicos e mentais, inocentes e culpados, todos são incluídos no pacote, ninguém é poupado. Repetindo o que eu disse a cima: guerra é guerra!
Vemos na bíblia, Moisés comandando a morte de 30 mil pessoas pelo fio da espada, por que adoraram um bezerro de ouro. Seria uma cena que nem filmes sobre o Holocausto poderiam produzir! Imagine o mar de sangue, os 30 mil corpos com ferimentos horríveis, alguns com partes do corpo cortados fora.
Ìa esquecendo os apedrejamentos! Realmente, pessoas sendo apedrejadas por homens com caras de malvados, fariam as jovens virarem os rostos nos cinemas, pra não verem tão horripilante cena.
Será se seriam sucessos de bilheteria esses filmes? Suponho que sim. Afinal, muitos já estão cansados de desenhos animados baseados na bíblia. Muita gente não aguenta mais filmes sobre Jesus na Semana Santa. Eu mesmo não tenho mais paciência de ver filmes sobre o Natal!
Por que não mostrar o outro lado da história? Afinal, esse outro lado não está também nas páginas da bíblia? Só histórias bonitinhas enjoam, deixam a gente mimados demais. É bom um pouco de realidade nua e crua.
Bem, não sou roteirista ou algo parecido. Mas, fica aí a dica.
(Carlos Wilker)
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