segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Não é uma boa resposta

Introdução



Durante um debate, levantei a questão da onisciência do deus cristão. Pra alguns teólogos, ser onisciente não significa exatemente conhecer todo passado, presente e futuro. No entanto, essa linha de pensamento será ignorada aqui. Trabalharei na linha que diz que quando se diz que Deus é onisciente, está se dizendo que ele conhece realmente cada detalhe do passado, do presente e do futuro. Exemplos: antes mesmo de criar Lúcifer, Deus sabia que ele se rebelari; Deus sabia que Adão e Eva irião desobedecer; Não adiante você dizer que Deus deu liberdade de escolha a eles, já que Deus também saberia o que eles farião com essa liberdade. Ou seja, Deus conhecia às escolhas.

Voltando ao debate, eu defendi que se Deus conhecia cada escolha e acontecimento do futuro, ele é culpado pelo sofrimento existente no mundo, já que antes de criar o ser humano, ele já sabia que tudo isso iria acontecer. Se Deus SABIA o que aconteceria (doenças, fome, estupros, homicídios, roubos, escravidão, guerras, etc) e mesmo assim tudo criou, ele é culpado por dar continuidade ao desejo de criar, ou quem sabe, podemos afirmar que Deus determinou que tudo isso (o sofrimento) acontecesse segundo sua vontade.

Quando lancei essa questão, ouvi a seguinte resposta: se você diz que Deus é culpado por criar o ser humano, mesmo sabendo do sofrimento do qual ele seria vítima, então, você também é culpado por gerar filhos, já que você também sabe que eles vão sofrer. Eu já conhecia essa resposta de um livro apologético. Se não me engano, li no livro “Em Defesa da Fé” de Dave Hunt.

Aparetemente parece uma boa resposta. Mas fica só na aparência mesmo. Há três grandes diferenças entre os seres humanos que geram filhos e Deus que supostamente criou os mesmos.



Primeira Diferença



Se eu souber que meu filho nascerá deficiente, que será acometido por uma grave doença, que será um homicida, ou que vá passar sua vida sofrendo, eu jamais resolveria gerá-lo. Claro, há esse risco. Mas eu não sei se isso vai acontecer. Temos milhões de seres humanos que levam a vida de forma tranquila. Eu, quando gero um filho, trabalho com essa possibilidade (mas também não ignoro a outra). Porém, se eu souber que seu futuro será complicado pra ele ou pra quem o rodeia, eu simplesmente escolho não gerá-lo. Caso eu resolva gerá-lo mesmo, sou o culpado por cada consequência maléfica que venha a surgir. Afinal, eu sabia que isso iria acontecer e mesmo assim o gerei.

Por outro lado, Deus SABIA que haverião homicidas, racistas, terroristas, pessoas com deficiência físicas e mentais, estupradores e estuprados, e MESMO SABENDO, os criou. Portanto, Deus é sim o culpado. Se ele sabia o que sua escolha em criar traria futuramente, por que criou?



Segunda Diferença



Há uma diferença entre “sofrimentos”. Não defendo que o ser humano não deve sofrer de forma alguma. Claro que deve! Precisamos aprender, nos corrigir, crescer. E pra isso, às dificuldades são ótimas mestras. O grande problema é que existem problemas que não nos ajudam em nada e que não temos como superá-los. Há um velho ditado que diz que Deus dar o frio de acordo com o cobertor. Eu discordo! Uma criança nasce com paralisia cerebral, por exemplo. Que cobertor vai superar esse “frio”? Essa doença traz algum benefício? Traz algum aprendizado? O que nós só podemos aprender com um ser humano frágil ligados a aparelhos pra sobreviver? Uma coisa é você enfrentar um desemprego, uma dificuldade financeira, uma doença curável e não tão destruidora, uma decepção, uma humilhação, uma agressão. Outra coisa bem diferente é você enfrentar um câncer, um tumor no cérebro, uma paralisia, um estupro, guerras, etc.



Terceira Diferença



Nó seres humanos, NECESSITAMOS da reprodução. Devemos correr o risco de termos um filho criminoso ou doente, pra que com isso, nossa espécie possa continuar existindo. O risco existe, claro! Mas se não o corrermos, nossa espécie entra em extinção. Ou seja, nossa existência depende disso.

E no caso de Deus? Sendo ele todo-poderoso, que tudo sabe, que tudo pode, que é auto-suficiente, depende de algo ou de alguém? Não. Ele era obrigado a criar seres humanos que sofrerião cruelmente ou que causaria sofrimento aos inocentes e indefesos? Não, não era. Se ele não criasse, deixaria de ser Deus? Não. Ele precisa do ser humano pra alguma coisa? Também não. Segundo pregam, nós que somos totalmente dependentes dele.

Conclusão

Concluo afirmando que essa resposta em forma de comparação é frágil, exclui pontos crucias. Terão que buscar outra explicação melhor pra inocentar Deus, por que esta é facilmente refutada.



(Carlos Wilker

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Tudo Existe Por Acaso?

Uma das perguntas que mais me dirigem é: se você não acredita em Deus, então acredita que tudo veio do acaso?
Muitos falam que é preciso ter mais fé pra acreditar que o universo é como é por acaso, do que acreditar que foi Deus quem criou tudo. Já ouvi isso inúmeras vezes nesses pouco mais de 3 anos de descrença.

Mas afinal, o que o acaso? O universo, com suas medidas e substâncias, poderia existir por acaso? Primeiro, vamos começar com o que é o acaso. Sobre o termo “acaso”, é importante ter em mente que embora relacionado, ele difere do termo acidente. O acaso é algo não previsto ou decorrente de uma série de eventos aleatórios. Ficamos um pouco confusos quando o termo parece assumir o lugar de uma entidade como o substantivo “o acaso”. Por exemplo: quando digo que “o acaso” fez com que você lesse esse artigo. Fica a impressão que o acaso é uma entidade responsável por você está lendo esse artigo. O que é absurdo. É diferente quando eu digo que você está lendo esse artigo “por acaso”. [1]

Não faz sentido alguém perguntar se o universo é como é por que o acaso o fez assim. O acaso nao faz nada, pois ele não é alguém. Não faz sentido você falar que o acaso fez isso ou fez aquilo. Ele não é um ser consciente, não é uma origem, não é uma fábrica de nada. Certa vez, você ía caminhando pela rua, quando tropeçou em uma paralelepípedo. Você previa esse tropeço? Você planejou? Suponho que não. Portanto, isso aconteceu por acaso.

Um erro comum quando se fala em acaso, é pensar que acaso significa sem causa, sem explicação. Voltando ao exemplo do tropeço, veja que você não preveu nem planejou, no entanto, houve um série de eventos que o levou a este pequeno acidente. Você saiu caminhando, foi em direção ao maldito paralelepípedo, olhava pra outra direção, fez um movimento na perna e no pé, etc. Ou seja, antes de tropeçar, ocorreu várias coisas que o levaram ao tropeço. Portanto, quando falamos em acaso, não significa que não houve motivos, razões pra determinada coisa acontecer. Sempre há uma cadeia de eventos antes.

Mas o universo veio do acaso? Acho que já está claro. O acaso não é algo independente. Por exemplo: a queda. O que é a queda? A queda é acontecimento, nada mais que isso. A queda não existe por si só. Queda é o nome que damos a um determinado evento. Seu celular caiu no chão, por exemplo. Após o celular cair, a queda ainda existe? Não. E antes dele cair? Também não. E por quê? Ora, por que queda é o nome do incidente. Assim é o acaso. Ele não é nada mais que um acontecimento.

Como de costume, muitos falam que o universo não seria tão perfeito sem um projetista por trás de tudo isso. Quando olho ao meu redor, não penso que o universo seja perfeito. Pessoas nascendo com deficiências físicas e mentais, tumores, vírus mortais e muitas doenças. Isso é perfeição? Não me venha dizendo que isso é criação humana! Se seu projetista criou tudo, ele é responsável por cada átomo existente no cosmos. O universo poderia ser melhor. Aliás, poderia ser muito, muito melhor. Se seu projestista tivesse projetado um mundo no qual não fosse possível existir o câncer, o mundo seria melhor? Você já pensou no sofrimento e quantidade de mortes subtraídas?

Penso que o universo existe mesmo por acaso. Ou seja, não foi algo previsto, não foi planejado. Afinal, pra isso, eu teria que colocar um planejador antes de tudo. E não acredito que exista tal planejador. Mas quando digo que o universo existe por acaso, não digo que ele existe do nada. Acredito que houve uma série de eventos que o levou a ser como ele é.


(Carlos Wilker)

[1]MESQUITA, André Campos. Darwin, o naturalista da evolução das espécies. Coleção Pensamento e Vida, Volume 2. Editora Escala. 2009

Deus é o Culpado

Deus tudo sabe! Gritam os pregadores em seus púlpitos. Segundo eles, não há nada oculto aos olhos (olhos? Se Deus é um ser espiritual, como pode ter olhos?). Deus conhece o passado, o presente e o futuro. Deus contempla os justos e injustos em todas suas ações. É a famosa onisciência. Segundo alguns estudiosos, ser onisciente não significa exatamente saber tudo, mas eu vou caminhar pela linha dos que defendem que Deus sabe tudo, tudinho mesmo.

Então, vamos lá. Deus sabia que Lúcifer iria se tornar Satanás, sabia que ele iria se rebelar, ser seu inimigo e inimigo de suas criaturas e filhos, os seres humanos. Se Deus sabia que isso iria acontecer, por que ele criou Lúcifer? Alguns respondem que Deus deu o livre arbítrio a ele. Mas se Deus já sabia o que ele ía fazer, por que o criou? Se Deus sabia o que Lúcifer iria fazer com sua liberdade, por que Deus o criou mesmo assim? Resultado: Lúcifer se rebelou, foi expulso do paraíso, hoje tenta os seres humanos, os leva ao pecado, os rodeia feito um leão devorador. E ainda pra completar, haverá uma grande batalha final, na qual Deus já sabe que vai se sair vencedor. Aliás, antes mesmo de criá-lo, Deus já sabia dessa batalha. Deus deu o livre arbítrio a Lúcifer, mas já sabia o que ele iria fazer com ele. Mesmo assim o criou! Estranho isso.
Deus sabia que Adão e Eva iam fazer besteira. Se Deus sabia que eles irião desobedecer, por que Deus ainda os ordenou a não fazer isso? Alguns teólogos defendem que somos herdeiros do pecado de Adão e Eva. Mas se Deus já sabia que eles irião causar toda essa desgraça, por que ainda criou aqueles benditos?

Deus ama o ser humano, todos eles. Ao menos é isso o que a maioria prega. Antes de criar o primeiro ser humano, Deus já conhecia o futuro de cada um de nós. Deus conhecia cada ação, cada gesto, cada palavra, CADA ESCOLHA.

Deus sabia que muitos irião escolher ser traficantes, homicidas, ladrões. Se Deus sabia que isso iria acontecer, por que nos criou? Eu não tô reclamando por existir. Mas se Deus faz como quer e quando quer, por que ele não criou os seres humanos pra que todos fossem pessoas boas? Eles poderia fazer isso, não poderia? Então, por que não fez?
Deus sabia que muitos irião passar a eterninadade sofrendo no inferno. antes mesmo de criar o mundo, Deus já sabia o que iria acontecer com cada ser humano. Por que Deus criou muitos seres humanos, sabendo que eles terião uma eternidade de sofrimento? Eu não sou culpado, afinal, eu nem existia!

Mas muitos repetem: Deus nos deu livre arbítrio! Minha pergunta é: se Deus sabia o que cada um iria fazer com seu livre arbítro, por que ele nos criou?
Se Deus sabia que Lúcifer se rebelaria, que Adão e Eva irião desobedecer, que muitos seres humanos irião passar a eternidade, sabia que muitos sofrerião excruciantemente durante suas vidas. Deus conhecia cada criança que iria morrer de fome, cada criança e mulher estuprada, cada cancêr, cada paralisia, cada tumor, cada tiro, cada míssil.
Aonde estou querendo chegar? Ora, estou querendo dizer que Deus é culpado por tudo isso! É uma conclusão inevitável!

Permita-me um exemplo:
Você decide ter um filho no próximo ano. Você SABE que ele nascerá deficiente. Ou seja, você conhece o futuro de seu filho, mesmo bem antes dele ao menor ser fecundado. No entanto, você resolve tê-lo. Ele nasce, e como você já sabia, nasce deficiente. De quem é a culpa? Sua! Você já sabia, por que mesmo assim decidiu tê-lo?

Outro exemplo:
Você decide de outro filho. Mas como sua situação financeira não anda boa, você decide tê-lo daqui há 3 anos. Porém, você SABE que ele será o horror da cidade. Será uma pessoa violenta, agressiva, cruel. Você sabe que ele será autor de roubos e homicídios. Como evitar isso? Simples: não o tenha. Todavia, mesmo conhecendo a personalidade de seu próximo filho, resolve tê-lo.
Você o deu livre arbítrio? Sim. Mas você já SABIA o que ele iria fazer com ele.
Seu filho nasce, cresce. É preso por roubos. Comete homicídios horripilantes. Destrói famílias, lares. Acaba com vidas de jovens cheios de sonhos, de pais trabalhadores e dignos. De quem é a culpa? Sua, meu caro! Se você já sabia que isso iria acontecer, por que mesmo assim colocou esse ladrão e homicida no mundo? Talvez você diga que não criou um ladrão e homicida e, sim, uma criança linda e agradável. O problema é que você SABIA que essa criança se tornaria num monstro.

E se Deus não soubesse do futuro de cada um? Mas será que ele ao menos não soubesse da POSSIBILIDADE disso acontecer, já que sabia que suas criaturas eram limitadas e frágeis diante de muitas coisas? Se Deus é o criador de cada átomo que existe no cosmos, seria muito esquisito se ele não conhecesse essas possibilidades.

Se Deus sabia de tudo que iria acontecer, ele é culpado!

(Carlos Wilker)

Ensinando Religião aos Filhos

Tenho alguns amigos que sabem que sou ateu. Eles são cristãos e ensinam desde cedo que a bíblia é a verdade absoluta, que devemos ter Jesus como nosso guia, que determinada igreja é a igreja de Deus, etc.

Sinceramente, acho isso lamentável. Muitas dessas crianças tem 4, 5, 6 anos de idade. Apesar da idade, já tem em seu vocabulário palavras como inferno, céu, pecado. Ensinar esse tipo de coisas a crianças com essa idade deveria ser considerado crime! Crianças com essa idade não tem a mínima capacidade de dicernir coisas como céu, inferno e pecado. Sem restrições, chamo isso de lavagem cerebral. Isso é empurrar goela a baixo coisas que ELES consideram como verdades inquestionáveis. Resultado: elas vão crescer sendo ensinadas que a bíblia é dona da verdade e que tudo que for contrário a ela, faz mal, desagra a Deus, é coisa de Satã (afinal, eles também ensinam que esse ser é real e que quer nos destruir).

Alguns me perguntam: mas não devemos ensinar nossos filhos a seguirem o caminho da bondade, do respeito? Claro que devem! Mas pra ensinar que roubar é errado, que devem trabalhar, estudar, ajudar a quem precisa, ser respeitador e educado, não precisa ensinar a eles que existem demônios, céu e inferno.

O que deve ser feito? Espera ele crescer, conhecer e tirar suas próprias conclusões. Ao contrário do que muitos falam, Deus, bíblia, Jesus, são temas extremamente complexos. Não é pra quem engole tudo sem questionar. Veja que existem inúmeros estudiosos que discordam em muitos pontos que envolvem essas questões. Quando você aceita a bíblia como a rainha da cocaca preta, automaticamente, você terá determinados pontos de vista sobre outros temas polêmicos, como aborto, pena de morte, homossexualidade, pena de morte, eutanásia e outros.

Religião é um assunto complexo e é absurdo que muitos pais enfiem isso em seus filhos, quando estes não tem condições de elaborarem questões, de analisarem o que está sendo dito, de perceberem incoerências, de não terem medo de duvidar. Isso só ocorre em certa idade. Esperar isso de crianças é é insano, e ensinar mesmo assim, é uma tremenda falta de respeito. O fato de você achar que sua religião ou crença é verdadeira, não lhe dar o direito de ensinar isso a seus filhos. Isso se aplica ao catolicismo, protestantismo, espiritismo, mormonismo, budismo, islamismo ou qualquer outra. Assim como ensinar comunismo, socialismo, marxismo, ateísmo, etc.
O correto é que quando for tempo, você apresente essas coisas e deixe que eles tirem suas próprias conclusões.

Ensinem seus filhos no caminho da honestidade, do respeito, da generosidade, a ficarem longe das drogas, das más companhias. Você pode fazer isso sem ter que apelar pra ameaças, dizendo que Deus castiga ou que quando morrer vai pro inferno. Nem também apelar pra promessas, como o céu. Se ao menos ensinassem de forma imparcial e crítica. Mas não é isso que acontece. Na verdade, pregam pra seus filhos. Por que não falam sobre que Deus é responsável por uma quantidade enorme de mortes cruéis que permeiam o Antigo Testamento? Por que não ensinam que Deus é responsável por genocídios? Por que não falam sobre às crianças, idosos e mulheres que foram brutalmente assassinados pelo povo de Deus?

Muitos alegam que é impossível não influenciar seus filhos, já que estes veem o que seus pais fazem e ouvem o que eles dizem. Pode ser verdade. Mas não se compara a você ensinar isso pra eles. Exemplo: seus filhos veem e ouvem você lendo a bíblia, mas caso você não ensine, o que ele irão aprender sobre predestinação ou livre arbítrio? Até mesmo a maioria dos adultos que foram criados em lares cristãos não sabem o que é isso. Até mesmo muitos membros de igrejas, não sabem sobre muitas coisas que o cristianismo prega. Muitos foram criados dentro de uma igreja, mas nunca leram a bíblia toda, imagine se eles dominam assuntos como predestinação, livre arbítrio!

Caso você não ensine que a bíblia é detentora da verdade, talvez seu filho não seja tão influenciado por ela. Ele terá contato com outras religiões e filosofias. Na TV, ele verá padres e pastores, budistas, espíritas, muçulmanos, filósofos, historiadores e cientistas. É uma fase de conhecimento daquilo que o rodeia. Se você diz que é impossível que ele não seja influenciado pelos pais, deve admitir que ele também poderá ser influenciado por outras linhas de pensamento. Deixe ele conhecer aos poucos, deixe ele livre pra ir assimilando, fazendo suas próprias perguntas, e aos poucos, encontrados às respostas que ele achar mais plausível.

Porém, alguns batem o pé e dizem que só a bíblia é a palavra de Deus e o resto é tudo mentira! Espere ele crescer, e quando ele tiver um senso crítico aguçado, explique o porquê. Quando ele estiver crescido, explique por que o paraíso dos muçulmanos é uma ilusão, mas o o paraíso dos cristãos existe. Explique por que Maomé não voo num cavalo alado, mas a jumenta de Balaão falou. Explique por que lobisomem, Saci, duendes e fadas são mitos e lendas, mas anjos, demônios e diabo realmente existem. Explique por que todos os deuses são farsas, mas o seu é real. Explique por que o boto na Amazônia nunca engravidou ninguém, mas Maria ficou grávida milagrosamente.

Mas não seja covarde e fanático, faça isso quando ele puder pensar por si mesmo.


(Carlos Wilker)

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

Os ateus não podem provar que Deus NÃO existe

Umigo meu, teólogo cristão, costuma falar que debates sobre a existência de Deus não levam a lugar nenhum, já que os cristãos não podem provar que Deus existe, nem os ateus podem provar que Deus não existe.

Antes de entrarmos mais a fundo nessa questão, devemos olhar com um pouco mais de calma para palavra “prova”. Segundo alguns estudiosos, só existem provas em matemática. Segundo estes, o mais correto seria falar em “evidências” da existência ou inexistência de Deus. Prova seria algo exato, imutável, sem chances de erro. Existirá coisas assim?

Mas vamos continuar na questão da existência de Deus. Os ateus podem provar que Deus não existe? Penso que não. Podemos no máximo apresentar evidências que indicam que esse ser não existe. Porém, provas, no sentindo citado a cima, penso que não existam. Também acho que aqueles que defendem que Deus existe, também não tenham sucesso nessa empreitada.

Se não temos provas que Deus existe nem que ele não existe, o que devemos fazer: acreditar ou não acreditar que ele existe? Vivermos nossas vidas como se ele existisse ou como se ele não existisse? Nesse caso, eu defendo que a descrença é a posição mais coerente a ser adotada.

Muitos ateus alegam que não acreditam que Deus existe por que não há evidências ou por que os argumentos apresentados são frágeis, insuficientes. Isso é um bom motivo pra não crê? Sim, me parece ser um bom motivo. È o que costumamos classificar como ateísmo negativo.
Alguns retrucam afirmando que também não há evidências nem bons argumentos pra pensar que Deus não existe. Continuo defendendo que a descrença é a posição mais coerente a ser adotada. Não ausência de evidências, o mais racional é pensar que não existe. E não ignoro a máxima que ausência de evidência é evidência de ausência.

Pergunte a um cristão se ele acredita que existe um paraíso com 72 virgens esperando fundamentalistas suicidas. Claro que ele não acredita nisso! E com toda razão, por sinal. Que evidências nós temos pra pensar que existe mesmo essa recompensa pra loucos que se mataram e mataram inocentes? Agora eu pergunto: nós ateus e cristãos, podemos provar que esse paraíso erótico não existe? Eu particularmente não posso. Estamos diante de um caso que não podemos provar que existe ou que não existe. Eu nunca morri pra saber se existe tal lugar, eu não me explodi em nome de algum livro sagrado.

Bem, se não podemos provar que tal paraíso não existe, devemos acreditar que ele existe?
Permita-me um outros exemplos. Se eu disser que há trilhões de anos daqui da Terra, existe um planeta habitado por seres brancos com bolinhas rosas, e que tem a aparência que lembra a dos seres humanos. Eu posso provar que esse planeta existe? Não, não posso. Mas você pode provar que ele não existe?

Se eu afirmasse pra você que tenho um amigo E.T. que me visita toda noite, mas não apresentasse nenhuma evidência, você acreditaria em mim? Se eu afirmasse que os pássaros conversam comigo mentalmente, mas não apresentasse nenhuma evidência, você acreditaria ou mandava me internar? Faria sentido eu mandar você provar que estou errado se quem tá fazendo essas afirmações sou eu?

Suponhamos que você está sendo acusado de roubo. No entanto, não há provas que você cometeu o delito. Por outro lado, você também não prova sua inocência perante tal acusação. Devemos libertá-lo por falta de provas? Ou devemos te jogar numa sela, já que você não provou sua inocência? Ora, se afirmaram que você roubou, que provem, concorda?

Aqueles que AFIRMAM que Deus existe carrega sobre si a responsabilidade de apresentar evidências que corroborem sua afirmação, já que está afirmando. Da mesma forma, se um ateu AFIRMAR que Deus não existe, também terá sobre seus ombros a mesma responsabilidade. Eu NÃO AFIRMO que Deus não existe. Eu não acredito, o que é bem diferente. Deixe-me citar um exemplo: por algumas razões, eu não acredito que determinado atleta vencerá a corrida. Porém, reconheço que posso está errado. Talvez ele vença! Eu não afirmo que ele não vencerá, pois não tenho como provar, não tenho como saber, já que não conheço os acontecimentos futuros.

Talvez Deus exista, não nego essa possibilidade. Mas até o presente momento, tudo me leva a pensar que não existe nenhum deus.


(Carlos Wilker)