domingo, 4 de novembro de 2012

O DEUS DOS CRISTÃOS COMO EXEMPLO DE MORAL

Vivemos num mundo caótico, onde a violência espreita em cada esquina, onde os jornais são sujos de sangue, onde guerras já não são mais novidades nos noticiários. Mas há um remédio, segundo muitos cristãos: a Bíblia, a palavra de Deus. Observar os ensinamentos divinos é a única solução pra tanta violência, tantas guerras, tantos crimes. Será mesmo? Será que o deus da bíblia é uma boa referência no que concerne a bondade, justiça, ética? Tenho sérias dúvidas.

No livro do Gênesis, Deus inunda o mundo (alguns defendem que foi uma cheia local) e destrói toda humanidade, exceto a família de Noé. Presumo que entre as muitas vidas ceifadas pelas águas haviam crianças, idosos e grávidas. Que justificativa podemos ter pra que crianças sejam despedaçadas e afogadas pelas águas do dilúvio? Podemos culpá-las por algo? Podemos acusar crianças de desobediência a Deus? Isso seria insano. E quanto às mulheres grávidas? Imagine elas boiando, apodrecendo sobre às águas. Não estou querendo ser dramático, é que não aguento desenhos animados bonitinhos sobre o dilúvio. Eles contam apenas a parte meiga da coisa, mas ignoram a verdadeira cena macabra que seria um dilúvio: pessoas sendo atiradas contra rochedos pelas águas, corpos e mais corpos de criançinhas apodrecendo. Realmente o dilúvio tem requintes de crueldade dignos de um filme de terror. E desconheço qualquer justificativa racional pra tal ato. Alguns apenas repetem feito papagaios que Deus fez e destrói como e quando quiser, que Deus tem pensamentos diferentes dos nossos, que Ele sabe o que faz e blá blá blá. Justificativas pobres, ignorantes e que só pioram tudo. Deus cria e destrói como e quando quer? Tudo bem. Mas onde fica o amor que Ele tem por nós? Há, já sei: ele também é justiça, né? Pelo visto não dar pra conciliar os dois. Afinal, onde está a justiça em matar cruelmente inocentes e indefesos? Apesar que existem loucos que afirmam que as criançinhas (mesmo na barriga da mãe) não são inocentes. O deus que condena o aborto, foi um aborteiro muito eficiente.

Outro belo exemplo de como o deus bíblico é ótimo exemplo de moralidade é a destruição de Sodoma e Gomorra. Imagine uma cidade sendo incendiada. Pessoas correndo pelas ruas com seus corpos em chamas, gritando sendo devoradas pelas chamas. Claro que vou falar novamente nas crianças. Reza a lenda que aquelas pessoas eram pecadoras inveteradas! Parece que realmente as coisas andavam sem rédeas. Mas isso se aplica aos bebês recém nascidos ou ainda no ventre das mães? Vai dizer que crianças de poucos meses andavam se entupindo de vinho, tendo relações sexuais ilícitas e adorando outros deuses? Claro que não! Então, por que Deus não poupou elas? Por que apenas permitiu que Ló (aquele exemplo de pai que ofereceu sua filha pra que fizessem o que quisessem com ela) e sua família escapassem?

Me revolta o estômago quando ouço pessoas afirmando que a bíblia é o único guia moral capaz de redimir a humanidade. Devemos tomar como referência um ser que mata inocentes de forma brutal? Devemos tomar como referência um deus genocida? Devemos tomar como referência um deus que se não for adorado manda destruir aqueles não fazem isso? Nos Dez Mandamentos há uma ordem que diz “Não matarás”. Claro, essa ordem serve apenas pra os judeus. O povo de Deus pode matar outros povos. E fez isso muito bem.

Apedrejamentos, inundação, fogo, pestes. Eu poderia passar o resto da noite citando os atos cruéis e injustos do deus amoroso e misericordioso da Bíblia.

No Novo Testamento, aparentemente vemos um deus diferente. Não espanta que alguns cristãos nos primórdios do cristianismo, alegassem que o Antigo Testamento foi inspirado pelo Diabo. Mas fica apenas na aparência mesmo. Há o inferno. É muito simples: ou você aceita Jesus ou vai pra o inferno. Pouco importa se você é generoso, honesto, pacífico, bondoso. Muçulmanos, hindus, budistas, taoístas, deístas, agnósticos e ateus tem o mesmo destino: tormento eterno. Há alguns débeis mentais que alegam que Deus não manda ninguém pra o inferno, que nós escolhemos ir. Bem, eu não escolhi! Será que milhões de pessoas que não são cristãs, escolheram de livre espontânea vontade passar a eternidade em agonia? Sinceramente, apenas um doente mental pensaria isso. Há cristãos que defendem que o inferno não esse lugar de temperatura elevada e sofrimento sem fim. Segundo estes, o inferno trata-se apenas da aniquilação ou separação total de deus. O que não deixaria de ser uma punição, já que outros estarão no paraíso!

Mesmo que nossa situação não esteja nada boa, defender que o deus da Bíblia é nossa melhor referência moral, é um disparate, um insulto. Eu me recuso a ter como referência um deus que cria e mata pessoas como se fossem brinquedos, que pune escolhas com a morte, que assassina crianças e mulheres grávidas, que pune com o tormento eterno aqueles que corajosamente pensam por si mesmo, que questionam. Há alguns dias, ouvi no rádio, alguém dizer que Deus é base da família. É uma piada sem a menor graça.

 
(Carlos Wilker)

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