O termo
calvinismo aqui usado será referido a visão que Deus escolhe o ser humano, não
o contrário. Não sou teólogo e talvez esteja sendo simplista ou equivocado, mas
para meu propósito, isso não fará muita diferença. Portanto, calvinismo aqui
significa a visão que Deus escolhe para salvação aqueles segundo sua vontade.
Essa visão é o oposto do arminianismo. Talvez vale ressaltar, que esse texto
não tem intuitos propriamente teológicos. Trata-se mais de um argumento contra
a existência de Deus. Também não se trata de uma defesa do arminianismo.
Um
calvinista dirá que existem escolhidos. Ou seja, existem aqueles que Deus
separou para si. Os demais serão excluídos, condenados. Se eu não for um
cristão e morrer na descrença, será simplesmente por que não sou um escolhido.
Caso fosse, mais cedo ou mais tarde, eu me voltaria para Deus. Meu argumento é
que a crença em Deus trata-se de um acidente histórico e geográfico. Se existem
tantos cristãos no Brasil não é devido a Deus ter mais escolhidos nessa parte
do mundo. Isso ocorre por que fomos colonizados por cristãos. Imagine que ao
invés de portugueses e espanhóis chegando em nosso continente, tivessem chegado
muçulmanos.
Uma
coisa curiosa é fato do deus dos calvinista ter uma preferência por ocidentais.
Na Índia, no Japão e nos países árabes não temos tantos escolhidos assim, não é
verdade? E voltando no tempo, podemos perguntar onde estão os escolhidos no
Antigo Egito, Roma, Grécia. Não é notável o fato de haver tantos escolhidos no
Ocidente, dominado por países cristãos? Por que entre os “bárbaros” os
escolhidos só se mostraram quando eles tiveram contato com o Império Romano? E
onde estão os escolhidos entre os indígenas? Quantos escolhidos existiam entre
os nativos, no século XV, quando os europeus chegaram por aqui?
Talvez
seja muito óbvio notar que ninguém iria se converter ao deus dos cristãos, se,
antes ter contato com a pregação ou influência cristã. Mas reconhecer isso será
reconhecer que meu argumento é bem sucedido. Reconhecer isso é admitir que a
crença em Deus vem através do ouvir a Palavra de Deus, como diz a Bíblia.
Afinal, o que Deus tem contra os árabes, os indianos, os japoneses, os antigos
egípcios, romanos e gregos? Por que esse carinho todo especial com países como
Estados e Brasil? Questões históricas parecem explicar isso de
forma convincente. Somos tentados a pensar que Deus não escolheu ninguém. O que
parece mais provável é que simplesmente abraçamos a crenças que predominam em nossa
cultura e época?
Talvez
um arminianista esteja exultante ao ler isso. Mas é bom ele ir com calma. Eu
poderia perguntar a ele por que Deus não se revelou claramente para os nativos
do Brasil, séculos antes da chegada dos europeus. Afinal, para escolher algo eu
tenho que conhecer primeiro.
Deus
escolhe ou nossa cultura e época determinam nossa fé?
(Carlos
Wilker)
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