domingo, 17 de fevereiro de 2013

UM CASO CONTRA O DEUS DOS CALVINISTAS


  O termo calvinismo aqui usado será referido a visão que Deus escolhe o ser humano, não o contrário. Não sou teólogo e talvez esteja sendo simplista ou equivocado, mas para meu propósito, isso não fará muita diferença. Portanto, calvinismo aqui significa a visão que Deus escolhe para salvação aqueles segundo sua vontade. Essa visão é o oposto do arminianismo. Talvez vale ressaltar, que esse texto não tem intuitos propriamente teológicos. Trata-se mais de um argumento contra a existência de Deus. Também não se trata de uma defesa do arminianismo.

  Um calvinista dirá que existem escolhidos. Ou seja, existem aqueles que Deus separou para si. Os demais serão excluídos, condenados. Se eu não for um cristão e morrer na descrença, será simplesmente por que não sou um escolhido. Caso fosse, mais cedo ou mais tarde, eu me voltaria para Deus. Meu argumento é que a crença em Deus trata-se de um acidente histórico e geográfico. Se existem tantos cristãos no Brasil não é devido a Deus ter mais escolhidos nessa parte do mundo. Isso ocorre por que fomos colonizados por cristãos. Imagine que ao invés de portugueses e espanhóis chegando em nosso continente, tivessem chegado muçulmanos.

  Uma coisa curiosa é fato do deus dos calvinista ter uma preferência por ocidentais. Na Índia, no Japão e nos países árabes não temos tantos escolhidos assim, não é verdade? E voltando no tempo, podemos perguntar onde estão os escolhidos no Antigo Egito, Roma, Grécia. Não é notável o fato de haver tantos escolhidos no Ocidente, dominado por países cristãos? Por que entre os “bárbaros” os escolhidos só se mostraram quando eles tiveram contato com o Império Romano? E onde estão os escolhidos entre os indígenas? Quantos escolhidos existiam entre os nativos, no século XV, quando os europeus chegaram por aqui?

  Talvez seja muito óbvio notar que ninguém iria se converter ao deus dos cristãos, se, antes ter contato com a pregação ou influência cristã. Mas reconhecer isso será reconhecer que meu argumento é bem sucedido. Reconhecer isso é admitir que a crença em Deus vem através do ouvir a Palavra de Deus, como diz a Bíblia. Afinal, o que Deus tem contra os árabes, os indianos, os japoneses, os antigos egípcios, romanos e gregos? Por que esse carinho todo especial com países como Estados e Brasil? Questões históricas parecem explicar isso de forma convincente. Somos tentados a pensar que Deus não escolheu ninguém. O que parece mais provável é que simplesmente abraçamos a crenças que predominam em nossa cultura e época?

  Talvez um arminianista esteja exultante ao ler isso. Mas é bom ele ir com calma. Eu poderia perguntar a ele por que Deus não se revelou claramente para os nativos do Brasil, séculos antes da chegada dos europeus. Afinal, para escolher algo eu tenho que conhecer primeiro.
Deus escolhe ou nossa cultura e época determinam nossa fé?


(Carlos Wilker)

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