Concordo que há algumas décadas ou séculos atrás, se
declarar protestante no Brasil seria realmente colocar nas costas um fardo
muito pesado. Mas nos dias atuais, penso que isso mudou bastante. Com exceções
de regiões onde predominam o “catolicismo popular” (uso esse termo para me
referir a quem se define católico só por que sua família ou o meio em que vive
se define como católico), o protestantismo não surpreende mais ninguém.
Na TV e no rádio, diariamente vemos programas de
igrejas protestantes; nomes como Diante do Trono, Aline Barros e Cassiane fazem
imenso sucesso nos quatro cantos do país; em toda esquina vemos uma igreja;
cultos em estádios de futebol, praças ou clubes são freqüentes e costumam ter
grande concentração de pessoas. Sem falar que temos no meio político, ferrenhos
representantes dessa denominação cristã (o que até certo ponto acho
interessante). Mas onde eu quero chegar com isso? Quero mostrar que ser
protestante (ou evangélico, se você preferir) hoje em dia não é complicado como
há anos atrás. Que a cada dia que passa, nosso país dito católico, aceita e
adota isso de bom grado.
No entanto, o que me irrita é que muitos (não estou
generalizando) protestantes tem uma mania de perseguição incurável! Para eles
todos estão querendo destruir sua fé, implodir igrejas, proibir eles de
adorarem seu deus, empurrar mensagens diabólicas através das músicas, dos
programas de televisão, dos desenhos animados (como Bob Esponja, acredite!), do
seriado Chaves (lembram que a Bruxa do 71, ops!, a Dona Clotilde tem um animal
de estimação chamado Satanás?) e até nas embalagens de maionese!
Alegam sofrer discriminação, serem alvos de piadas e
falatórios. Mas quem não é? Os espíritas são chamados de macumbeiros ou adoradores
do Diabo por muitos, os católicos são chamados de ignorantes, os ateus são
chamados de monstros, mas ninguém vive se fazendo de vítima e reclamando aos
quatro ventos que existe uma conspiração querendo ver o fim deles. Minorias
costumam sofrer isso. Se você fosse católico num país protestante iria sofrer
alguns infortúnios. Se você fosse uma espírita num país onde predominasse o
ateísmo, isso também ocorreria. Se você fosse um católico fervoroso na Idade
Média isso NÃO ocorreria.
Como vivemos num país onde predomina o cristianismo
católico ou protestante, quem sofre preconceito são grupos como os ateus e os
homossexuais, já que são coisas que se chocam de forma irremediável com a fé
cristã. Discordâncias são comuns e sempre existiram em todas as épocas, mesmo
que sofressem represálias. Ninguém é obrigado a concordar com o que os cristãos
protestantes acreditam e pregam (até mesmo dentro do protestantismo a
discordância impera, como mostram as incontáveis denominações se acusando entre
si), mas isso não quer dizer que estamos perseguindo ninguém. É comum até
discordamos de quem defendemos. Por exemplo: existem pessoas que idolatram o
ex-presidente Lula, mas discordam veemente dele em alguns pontos.
Alguns podem me objetar que está escrito que os seguidores
de Jesus seriam perseguidos e injuriados no fim dos tempos. Ora, os católicos
também podem reclamar para si essa mesma defesa e afirmar que o constante
avanço do protestantismo mostra que o fim dos tempos está próximo e que eles
(os católicos) são os perseguidos. Bem, mas não estou aqui para debater
questões teológicas. Mesmo por que semelhante álibi poderia ser usado por
outras religiões.
Esses protestantes que se sentem ameaçados, parecem
não ver suas conquistas e sua liberdade em cultuar como e quando quiser. Tem
representantes na política, nos meios acadêmicos, divulgam livros, revistas,
literaturas, CD’s, DVD’s e bíblias sem que ninguém os proíbam. Portanto,
relaxem meus caros! Afinal, vocês adoram e a Som Livre toca
(Carlos Wilker)
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