domingo, 4 de março de 2012

Deus Criou Tudo Perfeito?

Um dos principais motivos que leva às pessoas a acreditarem num deus criador é fato da natureza ser tão complexa e tão perfeita. Como poderia existir algo tão afinado, sem que exista um projetista? Nossos corpos, o sistema solar, plantas, animais. Como não ver que há alguém por trás de tudo isso? Como alguém pode olhar pra tudo isso que nos rodeia e pensar que não foi criado por um ser poderoso e inteligente?

Que a natureza é extremamente complexa, eu concordo plenamente. Que ela é perfeita, eu discordo e irei argumentar contra isso.
O que queremos dizer com “perfeita”? Vamos dizer que perfeita seja uma natureza extremamente afinada, uma canção sem dissonâncias, agradável. Alguém pode pensar que não podemos atingir o máximo de perfeição, já que sempre poderemos melhorar. Pode ser verdade, mas argumentarei que a natureza poderia ser bem melhor que a que vemos. E mostrarei os erros grosseiros encontrados na mesma. Ou seja, não exijo o máximo da perfeição, mas mostro que ela poderia ser bem melhor.
Vou me focar no que diz respeito a nós, humanos. Nossos corpos são perfeitos como muito defendem?

Um dos momentos mais belos e mágicos na vida de uma mulher, é quando ela é mãe. Além de ser um momento emocionalmente impactante, isso envolve a sobrevivência de nossa espécie. Numa linguagem religiosa, diríamos que o nascer de um filho é algo divino, sagrado.
Pois é nesse momento sagrado, que encontramos um sério problema. Talvez um dos maiores riscos de morte na vida de uma mulher, é o parto. É algo extremamente arriscado. Ela e a criança estão sujeitas a muitos riscos. Inúmeras mulheres tem complicações no parto, muitas crianças são acometidas por doenças, como deficiências mentais. O parto é sem dúvida algo muito complicado e perigoso. Sem falarmos nos meses de gestação, no qual a mulher está sujeitas a várias complicações: enjoos, inchaços, alterações drásticas em seu corpo, etc. Estranho que uma natureza perfeita seja tão dura e tão perigosa, mesmo num momento indispensável a nossa existência. Sem falarmos que muitas mães e filhos morrem durante ou logo após o parto.

Muitas crianças nascem com tumores cerebrais, paralisias, deficiências físicas e mentais. Algumas nascem sem metade do cérebro, sem pernas, sem braços. Não adianta correr pra os pais e culpá-los por isso! Muitos casais saudáveis e responsáveis geram filhos assim. A sindrome de Down, é um exemplo disso. Mas afinal, de quem é a culpa? A culpa é da natureza, que comete erros a todo instante, que parece ser desgovernada, sem controle. Estranho que uma natureza perfeita, criada por um ser perfeito, se comporte assim, não é mesmo?

Poderíamos citar os vírus, bactérias, câncer e muitas outras obras dessa natureza louca. Mais de 99% da vida de nosso planeta foi extinta (e não foi o ser humano que fez isso, ok?). Quando nem existiam seres humanos, extinções em massa ocorreram.

Que natureza perfeita é essa? Se o mundo não tivesse o câncer pra ceifar vidas a todo instante, o mundo seria melhor? Sem dúvida! A não ser que você me mostre qual a vantagem em termos uma doença tão cruel consumindos milhões de seres humanos todos os anos. Deus poderia ter criado um mundo no qual o câncer não pudesse existir? Sim, poderia. Isso nos levaria a questionar a bondade desse deus, mas não vem ao caso. Veja que nem mesmo estou pedindo uma natureza sem nenhum mal (apesar de não ser uma má ideia). Estou apenas mostrando que ela poderia ser bem melhor. O mundo seria melhor sem a paraliosia infantil, sem a leucemia, sem o vírus da gripe, sem a tuberculose. Deus poderia ter criado uma natureza no qual esses males fossem impossíveis? Claro que podia! Mas a realidade é bem diferente. Vivemos num mundo cheio de perigosos microscópicos.

Quando você for afirmar que a natureza é perfeita, não fique apenas citando às paisagens dignas de cartão postal. Não ignore às incontáveis anomalias e aberrações. Caso Deus tenha criado a natureza, pra ser todo-poderoso, ele é um arquiteto desajeitado. Em algumas partes de seu projeto, ele é digno de aplausos. Em outras, ele é digno de sonoras vaias.

(Carlos Wilker)

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