domingo, 4 de novembro de 2012

POR QUE FÉ NÃO SE DISCUTE?

Provavelmente você já deve ter ouvido alguém falar que fé não se discute. Talvez, você mesmo diga ou pense isso. Ora, mas por que não se discute? Aqui o verbo “discutir” significa argumentar, questionar, explicar. Ou seja, quando alguém diz que fé não se discute, está dizendo que argumentos, questionamentos e explicações não se aplicam a questões ligadas a fé.

Vamos pegar o exemplo da fé cristã. O guia do cristão é a bíblia, como você sabe. Apesar das inúmeras discordância teológicas dentro do cristianismo, é mais ou menos consenso que 1) existe um único deus, todo-poderoso e amoroso, que criou tudo que existe, 2) a bíblia é sua palavra, divinamente inspirada , 3) Jesus é nosso salvador, 4) existe vida após a morte, 5) os salvos gozarão de vida eterna no paraíso, 6) os não-salvos irão passar a eternidade no inferno ou serão completamente aniquilados. Tá bem resumido, mas é basicamente isso!

Vejam que são afirmações extremamente sérias, que diretamente ou indiretamente, movem e influenciam milhões e milhões de pessoas ao redor do mundo. São coisas que podem mudar sua vida. Nossas crenças nos impulsionam, agimos baseados nelas. Um ateu, um judeu, um muçulmano, um budista, um cristão, um hindu, um vegetariano, um liberal, um comunista. Cada um viverá e agirá conforme suas crenças.

Agora eu pergunto: por que os seis pontos sobre o cristianismo não se discutem? Temos que discordar ou concordar sem questionamentos, sem termos respostas, sem argumentarmos contra ou a favor? Ora, tenha paciência! Essas seis coisas são ensinadas e divulgadas em igrejas, na TV, no rádio, em revistas, em livros, CD’s, DVD’s e por grupos de evangelistas que saem pregando pelas ruas e indo de porta em porta. Mas temos que ficar quietinhos? Eu não fico mesmo! Se eles tem medo de questionamentos, o problemas é deles! Afinal, que fé medrosa é essa que evita e foge? Que verdade suspeita é essa que não gosta de ser interrogada?

Alguém me diz que após a morte, vai acontecer isso ou aquilo COMIGO. Ora, isso é algo a meu respeito. Portanto, exijo evidências que sustentem suas afirmações. Alguém que sai por aí fazendo afirmações sérias como essas e não tenta se apoiar em evidência alguma, deve ser internado! É muito cômodo sair por aí dizendo que fulano e cicrano vai pro inferno, que todas as outras religiões são farsas ou enganos, que muitos cientistas estão errados nisso ou naquilo, que apenas seu deus existe e os demais são mitos. É muito fácil ensinar e afirmar tudo isso e na hora do “vamos ver”, se recolher e dizer que isso não se discute, que é uma questão de fé e blá blá blá.

Há quem diga que ninguém vai mudar de opinião. Bem, quem diz isso vive em outro planeta! Milhões e milhões de pessoas já mudaram de opinião! Quem não conhece católicos que viraram protestantes? Quem não conhece cristãos que viraram ateus? Quem não conhece ateus que viraram espíritas? Quem não conhece criacionistas que viraram evolucionistas e vice-versa? Quem não conhece padres que se tornaram pastores e vice-versa? Se você não conhece, você realmente não é desse planeta ou é alguém muito mal informado sobre o assunto.

Quando alguém diz que fé não se discute por que ninguém vai mudar de opinião, na verdade está usando um artifício pra fugir. Engraçado que muitas dessas pessoas, estudam Teologia ou Filosofia. Pra quê, hein? Inevitavelmente, na Teologia e na Filosofia vão trabalhar com argumentações, questionamentos e tentativas de explicações. E isso se aplica a toda área acadêmica. Se você vai estudar Biologia, Pedagogia, História, Geografia, Física ou qualquer outra área, essas coisas serão parte do seu dia a dia. Dentro do próprio cristianismo o que não faltam são debates, argumentos, questionamentos e tentativas de explicações.  Curioso, não?

Há alguns que alegam que não adianta argumentar com alguém que não tem fé. Ou seja, a discussão racional só faria sentido se você também tiver fé. Mas se ambos tiverem a mesma fé, então vão discordar em quê? Por exemplo: eu levanto algum questionamento sobre deus ou a bíblia a um cristão. Ele olha pra mim e diz que eu  não tenho fé, portanto, será em vão qualquer resposta. Nesse caso, eu teria que ser “igual” a ele. Eu teria que partir do mesmo pressuposto que ele parte. Eu até faria isso. Mas primeiro ele tem que argumentar em favor desse pressuposto. Se ele parte do pressuposto que deus existe e a bíblia é a verdade, eu não tenho que aceitar pra que a discussão possa ser frutífera. Primeiro, ele que tem que mostrar que seus pressupostos são verdadeiros. E por que ele nunca parte de outros pressupostos? Por que um cristão não parte do pressuposto que deus não existe, mas alguém que discute com ele teria que partir do pressuposto que o deus existe?

Fé é acreditar sem evidências? Se não for isso, então não vejo nenhum problema em debater, argumentar, questionar, tentar explicar. Mas se fé é acreditar sem evidências, então trata-se de uma completa insanidade! Se é mesmo isso, poderemos acreditar em qualquer coisa, por mais absurda que seja. Posso dizer que o universo foi criado por um chimpanzé. Evidências? Argumentos? Ora, é uma questão de fé. E fé não se discute! Posso dizer que quem realmente criou tudo foi um deus adorado pelos nativos americanos. Isso significa que todos os outros deuses – incluindo Jeová – são mitos. Evidências? Argumentos? Ora, é uma questão de fé!

Quando alguém diz que fé não se discute, aplica seu significado a acreditar sem evidências. Pensando bem, é melhor não discutir mesmo. Alguém que defende isso apresenta sérios sinais de fanatismo e alienação. E discutir com fanáticos e alienados é como tentar dialogar como uma parede. Se bem que muitos fanáticos e alienados mudaram.

 
(Carlos Wilker)

SUICÍDIO É FALTA DE DEUS?

Quando se tem notícia de alguém que cometeu suicídio, é comum que muitas pessoas aleguem que isso ocorre por uma falta de Deus ou ausência de uma religião na vida do suicida. Essas afirmações partem pressuposto que sem Deus não temos nenhum apoio, nenhuma esperança.  Há poucos dias tomei conhecimento de um jovem que se suicidou. Segundo me falaram, ele era ateu. Ou seja, isso para muitas pessoas explica o porquê dele ter se matado.

Acho essa explicação reducionista, impregnada de religiosidade, fanática.

Primeiro temos que mostrar qual a ligação entre o suicídio e a ausência de fé em Deus. Ou seja, temos que mostrar que foi a descrença que causou o suicídio. Enquanto não for mostrado isso, não faz sentido ligar uma coisa a outra. Por exemplo: uma pessoa pode se matar após perder um ente querido ou após descobrir ser portador de uma doença sem cura. Você pode me retrucar dizendo que alguém que tem Deus em sua vida tem forças para encarar isso. Pode ser que sim. No entanto, você estaria oferecendo uma explicação simplista demais, que ignora muitos casos e situações diferentes.

Uma pessoa que perde o ente querido pode ficar completamente desnorteada, seja religiosa ou não. Alguém em momento de intenso desespero dificilmente terá a capacidade de raciocínio, de se acalmar. Claro, alguns crentes e descrentes conseguem fazer isso. Outros crentes e descrentes não conseguem. E existem inúmeras situações que podem deixar alguém totalmente fora de si. E em muitos casos, isso se arrasta por meses e até anos. Existem casos de pessoas que perderam um ente querido e após muito tempo, ainda não se recuperaram ou vivem em tratamento psicológico ou psiquiátrico.

Estou citando como exemplo a morte de um ente querido, mas existem diversas situações em que podem nos deixar fora de controle. O problema é que muitos querem julgar os outros a partir de si mesmo. Entenda que o que pra você pode ser um probleminha para outra pessoa pode ser algo gravíssimo. Ninguém é igual a ninguém! Cada um tem seus pensamentos e sentimentos próprios. Cada um de nós é um universo, já dizia Raul Seixas.

Um religioso pode se matar por acreditar que vai ter outra vida. Um descrente pode se matar por que pode pensar que após a morte não existe nada, portanto, não vai sentir nada. Um religioso pode não se matar perante os problemas devido a sua fé em Deus, concordo. Assim como um descrente pode não se matar por pensar que essa é única vida que temos e que por isso não vai desperdiçar ela.

Existiram e existem milhões de descrentes que vivem muito bem sem nenhuma crença em nenhum deus. Se a falta de Deus ou de uma religião implica em desespero, em falta de esperança ou em suicídio diante dos problemas, como você explica esse fato? Por outro lado, muitos suicidas acreditavam em Deus ou tinham alguma religião. Mas eu não vou cometer o mesmo erro e afirmar que crença em Deus e religião causaram esses suicídios. Se bem que muitos suicídios são sim causados por crenças religiosas. Alguns fundamentalistas muçulmanos enchem o corpo de bombas e se explodem em público, por que crêem que irão para um paraíso. Essa idéia de outra vida, de paraíso, já levou muitas pessoas a tirarem suas próprias vidas por acreditarem piamente que havia uma outra as esperando.

Você poderá me retrucar dizendo que essas pessoas que tiraram suas vidas não acreditavam realmente em Deus, que alguém que tem fé em Deus não se suicida nunca! Então, eu deixo três problemas para você resolver: 1) Se descrença em Deus causa medo, desespero e falta de esperança, por que milhões de descrentes viveram ou vivem suas vidas felizes e não se suicidam perante as adversidades que enfrentam? 2) Se você resolver esse primeiro problema, poderá me responder a seguinte pergunta: todos os suicidas são descrentes ou pessoas sem religião? 3) Como você explica o fato de muitos suicídios (inclusive, suicídios coletivos!) terem sidos causados por crenças religiosas?

 
(Carlos Wilker)

O DEUS DOS CRISTÃOS COMO EXEMPLO DE MORAL

Vivemos num mundo caótico, onde a violência espreita em cada esquina, onde os jornais são sujos de sangue, onde guerras já não são mais novidades nos noticiários. Mas há um remédio, segundo muitos cristãos: a Bíblia, a palavra de Deus. Observar os ensinamentos divinos é a única solução pra tanta violência, tantas guerras, tantos crimes. Será mesmo? Será que o deus da bíblia é uma boa referência no que concerne a bondade, justiça, ética? Tenho sérias dúvidas.

No livro do Gênesis, Deus inunda o mundo (alguns defendem que foi uma cheia local) e destrói toda humanidade, exceto a família de Noé. Presumo que entre as muitas vidas ceifadas pelas águas haviam crianças, idosos e grávidas. Que justificativa podemos ter pra que crianças sejam despedaçadas e afogadas pelas águas do dilúvio? Podemos culpá-las por algo? Podemos acusar crianças de desobediência a Deus? Isso seria insano. E quanto às mulheres grávidas? Imagine elas boiando, apodrecendo sobre às águas. Não estou querendo ser dramático, é que não aguento desenhos animados bonitinhos sobre o dilúvio. Eles contam apenas a parte meiga da coisa, mas ignoram a verdadeira cena macabra que seria um dilúvio: pessoas sendo atiradas contra rochedos pelas águas, corpos e mais corpos de criançinhas apodrecendo. Realmente o dilúvio tem requintes de crueldade dignos de um filme de terror. E desconheço qualquer justificativa racional pra tal ato. Alguns apenas repetem feito papagaios que Deus fez e destrói como e quando quiser, que Deus tem pensamentos diferentes dos nossos, que Ele sabe o que faz e blá blá blá. Justificativas pobres, ignorantes e que só pioram tudo. Deus cria e destrói como e quando quer? Tudo bem. Mas onde fica o amor que Ele tem por nós? Há, já sei: ele também é justiça, né? Pelo visto não dar pra conciliar os dois. Afinal, onde está a justiça em matar cruelmente inocentes e indefesos? Apesar que existem loucos que afirmam que as criançinhas (mesmo na barriga da mãe) não são inocentes. O deus que condena o aborto, foi um aborteiro muito eficiente.

Outro belo exemplo de como o deus bíblico é ótimo exemplo de moralidade é a destruição de Sodoma e Gomorra. Imagine uma cidade sendo incendiada. Pessoas correndo pelas ruas com seus corpos em chamas, gritando sendo devoradas pelas chamas. Claro que vou falar novamente nas crianças. Reza a lenda que aquelas pessoas eram pecadoras inveteradas! Parece que realmente as coisas andavam sem rédeas. Mas isso se aplica aos bebês recém nascidos ou ainda no ventre das mães? Vai dizer que crianças de poucos meses andavam se entupindo de vinho, tendo relações sexuais ilícitas e adorando outros deuses? Claro que não! Então, por que Deus não poupou elas? Por que apenas permitiu que Ló (aquele exemplo de pai que ofereceu sua filha pra que fizessem o que quisessem com ela) e sua família escapassem?

Me revolta o estômago quando ouço pessoas afirmando que a bíblia é o único guia moral capaz de redimir a humanidade. Devemos tomar como referência um ser que mata inocentes de forma brutal? Devemos tomar como referência um deus genocida? Devemos tomar como referência um deus que se não for adorado manda destruir aqueles não fazem isso? Nos Dez Mandamentos há uma ordem que diz “Não matarás”. Claro, essa ordem serve apenas pra os judeus. O povo de Deus pode matar outros povos. E fez isso muito bem.

Apedrejamentos, inundação, fogo, pestes. Eu poderia passar o resto da noite citando os atos cruéis e injustos do deus amoroso e misericordioso da Bíblia.

No Novo Testamento, aparentemente vemos um deus diferente. Não espanta que alguns cristãos nos primórdios do cristianismo, alegassem que o Antigo Testamento foi inspirado pelo Diabo. Mas fica apenas na aparência mesmo. Há o inferno. É muito simples: ou você aceita Jesus ou vai pra o inferno. Pouco importa se você é generoso, honesto, pacífico, bondoso. Muçulmanos, hindus, budistas, taoístas, deístas, agnósticos e ateus tem o mesmo destino: tormento eterno. Há alguns débeis mentais que alegam que Deus não manda ninguém pra o inferno, que nós escolhemos ir. Bem, eu não escolhi! Será que milhões de pessoas que não são cristãs, escolheram de livre espontânea vontade passar a eternidade em agonia? Sinceramente, apenas um doente mental pensaria isso. Há cristãos que defendem que o inferno não esse lugar de temperatura elevada e sofrimento sem fim. Segundo estes, o inferno trata-se apenas da aniquilação ou separação total de deus. O que não deixaria de ser uma punição, já que outros estarão no paraíso!

Mesmo que nossa situação não esteja nada boa, defender que o deus da Bíblia é nossa melhor referência moral, é um disparate, um insulto. Eu me recuso a ter como referência um deus que cria e mata pessoas como se fossem brinquedos, que pune escolhas com a morte, que assassina crianças e mulheres grávidas, que pune com o tormento eterno aqueles que corajosamente pensam por si mesmo, que questionam. Há alguns dias, ouvi no rádio, alguém dizer que Deus é base da família. É uma piada sem a menor graça.

 
(Carlos Wilker)

CINCO EQUÍVOCOS SOBRE A TEORIA DA EVOLUÇÃO


1.      A TEORIA DA EVOLUÇÃO DIZ QUE O HOMEM VEIO DO MACACO.

Não diz! Ela diz que temos um ancestral em comum com o chimpanzé. Poderíamos dizer que os chimpanzés são nossos primos. Devemos ter cuidado com o uso da palavra “macaco”.  Macaco é um termo vulgar usado pra definir o grupo dos primatas, no qual estão os seres humanos. Ou seja, somos macacos também. Não existe “o macaco”, não existe uma espécie que possamos chamar de macaco. Chimpanzés, gorilas, orangotangos e outros primatas são chamados de macacos, mesmo sendo espécies diferentes. Quando alguém diz que os cientistas defendem que viemos do macaco, está partindo de um erro. Entendo que aquela fila indiana nos livros de Biologia nos leve a pensar que a Teoria da Evolução diga isso, mas não diz. Há um desenho de uma árvore nos livros de Biologia. Esse desenho é mais esclarecedor e pode livrar-nos de equívocos.

 

2.      SE VIEMOS DO MACACO, POR QUE AINDA EXISTEM MACACOS?

O esclarecimento da primeira questão serve também pra essa. Como a Teoria da Evolução não diz que o homem veio do macaco, essa pergunta é sem sentido.

 

3.      TEORIA DA EVOLUÇÃO IMPLICA EM ATEÍSMO.

Errado. Pra muitos é impossível conciliar Teoria da Evolução e Deus, pra muitos é possível. Existem muitos evolucionistas que acreditam em Deus. Exemplos bem conhecidos são Francis Collins (um dos pioneiros do Projeto Genoma Humano) e Francisco Ayala. Ambos são evolucionistas e cristãos. A única coisa que pode ser obstáculo entre a Teoria da Evolução e a Bíblia é se você tomar o relato de Gênesis como literal. Se você entender algumas partes (Adão, Eva e a serpente, por exemplo) como simbólicas, é perfeitamente possível. Portanto, quando alguém se diz evolucionista não significa propriamente que ele seja ateu. E existem inúmeros exemplos que corroboram isso.

 

4.      SE A TEORIA DA EVOLUÇÃO É VERDADE, SIGNIFICA QUE TUDO VEIO A EXISTIR POR ACASO.

A Teoria da Evolução não aborda a origem do universo ou a origem da vida. Ela aborda o porquê de termos as espécies atuais. Se Deus existe ou não, não é uma questão que a Teoria da Evolução estuda. Muitos ligam Teoria da Evolução com Teoria do Big Bang, o que é um engano. São coisas distintas. Com Deus ou sem Deus, a Teoria da Evolução permanece de pé. Também devemos entender que acaso é um acontecimento imprevisto e não planejado. Acaso não determina nada, não é responsável por nada, pois ele não é uma entidade. A maioria dos que falam sobre o acaso, não tem noção do que seja.

 

5.      A TEORIA DA EVOLUÇÃO É APENAS UMA TEORIA, COMO O PRÓPRIO NOME DIZ.

O Oxford English Dictionary diz:
Teoria, acepção 1: Conjunto ou sistema de ideias ou afirmações apresentado como explicação ou justificativa de um grupo de fatos ou fenômenos; hipótese que foi confirmada ou estabelecida por observação ou experimentação e é proposta ou aceita como explicação para os fatos conhecidos; declaração do que se considera como as leis, princípios ou causas gerais de algo conhecido ou observado.
Teoria, acepção 2: Hipótese proposta como explicação; por conseguinte, mera hipótese, especulação, conjectura; idéia ou conjunto de idéias a respeito de alguma coisa; opinião ou idéia individual.

Na ciência, a palavra Teoria é usada na primeira acepção. Posso citar dois exemplos de teorias científicas: a teoria heliocêntrica e teoria gravitacional.


A teoria heliocêntrica é a que nos diz que os planetas do nosso sistema solar gira em torno do sol. Alguém discorda? Mas não é apenas uma teoria? A gravitação, segundo Kenneth R. Miller (geneticista CRISTÃO), é uma teoria. Mas se você duvida dessa teoria, pule do 10º andar de um prédio e veja se ela merece confiança. Estou exagerando. Solte um tijolo no pé, então.


 
                                                                                                                                       (Carlos Wilker)

O CHIQUISMO

Não sou mais ateu. Me converti ao Chiquismo. O que é isso? O Chiquismo se refere à crença que o universo foi criado por um chimpanzé chamado Chico. Creio que Chico é o grande arquiteto do universo.

O universo é claramente organizado. O acaso não parece ser melhor explicação do que uma mente por trás de toda criação. Quanto mais conhecemos o universo, mas ficamos extasiados com sua complexidade e seus mistérios. Numa lista de explicações para o surgimento e complexidade organizada do universo, uma mente inteligente e poderosa é a melhor explicação. Creio que essa mente poderosa é Chico.
Alguns retrucarão que chimpanzés são animais, físicos, temporais, mortais. Portanto, um chimpanzé não poderia criar o universo. Mas Chico é um chimpanzé diferente! Ora, muitas religiões não defendem que seu deus é ALGUÉM que criou tudo? Pelo que sei, seres pessoais também são animais, físicos, temporais e mortais. Fica claro que nessas religiões, eles projetam um super humano. Um super humano imortal, poderoso, inteligente, eterno, espiritual. Bem, Chico é assim. Se disserem que seu deus é um ser pessoal diferente, direi que Chico também é diferente. E no quesito bondade, animais tem se mostrado bem superiores ao seres humanos, tidos como inteligentes, mas que destroem a si mesmo e aos outros, sem nenhum escrúpulo.
Alguns poderão concordar comigo que existe realmente uma mente por trás de toda criação, mas que se trata de seu deus. Por exemplo: os muçulmanos dirão que é Alá e os cristãos dirão que é Jeová. Mas protestarei imediatamente! Não me venham com essa desculpa! O meu deus é Chico e não Alá ou Jeová. Quem criou o universo foi Chico e não outros deuses, que na verdade são mitos.

Assim como os muçulmanos afirmam que foi Alá e os cristãos afirmam que foi Jeová quem criou o universo, outras religiões poderiam concordar com eles que há mesmo um criador, mas que poderia ser qualquer outra divindade. Concordamos que há um criador. Mas quem criou foi o meu deus, Chico.
Sem sombra de dúvida me pedirão evidências da existência de Chico. Provar com certeza absoluta, eu não posso. Assim como nenhuma religião pode. Posso apenas mostrar evidências que indicam que Chico existe e que é racional pensar que sim. Permita-me citar o argumento do projeto, o argumento cosmológico, os milagres que ocorreram em minha vida, às orações atendidas, entre outras. Explicações naturalistas falham. Chico nos oferece a melhor explicação. Não posso provar que Chico existe, assim como ninguém me prova que ele não existe. Nesse quesito, o Chiquismo é bem parecido com as demais religiões.

Sei que o Chiquismo não é nada popular. Afinal, ele foi fundado por mim, há poucos minutos, quando tive uma revelação direta de Chico. Mas popularidade é algo trivial. O cristianismo e o islamismo, um dia foram pequenos grupos de pessoas, seitas. Ao longo dos anos é que foram se expandindo. Isso acontecerá com o Chiquismo também. E mesmo que não aconteça, sabemos que verdade não é eleita por votação. O fato de uma religião ter o maior número de seguidores não significa que esta seja a verdadeira religião.
O Chiquismo também terá um livro sagrado. Esse livro terá o nome de Sagrada Banana. Inclusive, isso que digito (se fosse há alguns séculos, seria manuscrito em um papiro, mas graças a Chico, tudo está bem avançado) é uma revelação direta de Chico, para que o mundo conheça a verdade. A Sagrada Banana não tem resposta para tudo. É apenas um guia para nossa salvação. Os salvos iram morar eternamente numa ilha paradisíaca, onde haverá música de qualidade, vinhos, homens, mulheres, crianças e idosos sendo felizes para todo o sempre. Lá não haverá doenças, guerras, violência, injustiças. Os condenados serão atirados em cavernas espirituais, onde serão perseguidos e torturados por monstros terríveis, por toda a eternidade. Lá a dor não cessa e os condenados sofreram ao lembrar que renegaram Chico e que as pessoas que eles gostam e não aceitaram a mensagem de Chico, também estão sendo torturados. Essas cavernas são lugares de gritos de pânico, estupros, calor intenso, desespero, pranto.

É melhor apostar que Chico existe. Afinal, se ele não existir, eu não perco nada. Mas se ele existir, passarei a eternidade na ilha.

 
(Carlos Wilker)

EXPERIÊNCIA PESSOAL COM DEUS

Meu nome é Jean¹, tenho 30 anos. Há alguns anos tive uma experiência pessoal com Deus (sou cristão e me refiro ao deus da bíblia). Quando passei a viver minha fé e a seguir os ensinamentos de Jesus, conheci muitas pessoas que eram adeptas de religiões diferentes. Outros eram descrentes.

Quando pessoas que pensam muito diferente se encontram é normal que hajam discordâncias e debates. Mas eu não ligava muito para essas coisas! Nenhum argumento ou questionamento pode abalar minha experiência com Deus. Só eu sabia o que sentia e o que tinha vivido. E ninguém seria capaz de destruir isso! Minha experiência pessoal com Deus me trouxe paz, conforto, segurança. Me transformou radicalmente em uma nova criatura. Quando ousavam questionar e desafiar minha fé, isso me irritava. Afinal, meus sentimentos e aquilo que vivi e vivo devem ser respeitados!

No entanto, uma dúvida tem me perseguido. E quanto às experiências que outras pessoas, de religiões e crenças diferentes? O que elas significam? Se minha experiência me mostrou que Jesus está vivo e me ama, a experiência de pessoas com crenças diferentes mostra que o deus ou deuses que eles crêem também existem? Por exemplo: um muçulmano me diz que teve uma experiência pessoal com Alá. Ele dá um testemunho bem semelhante ao meu. Isso implica que a fé islâmica é a verdadeira? Isso significa que o Alcorão é a verdadeira palavra de Deus? E quanto às experiências pessoais vividas por budistas, hindus e judeus? Todos eles passam por transformadoras experiências pessoais. Todos eles testemunham experiências que assim como a minha, merecem crédito e respeito. Se minha experiência significa um “contato” com o divino, por que a experiência de outras pessoas também não significam?

Alguns falam que todos podem ter uma experiência com deus, independente da religião. Talvez possa ser verdade. Mas isso me traz uma outra questão. Como crenças que se chocam podem estarem de acordo? Eu posso dizer que minha experiência provém do deus da bíblia. O hindu vai discordar. Posso dizer que minha experiência provém de Jesus. O muçulmano vai discordar. Eu posso defender que todas as experiências pessoais com o divino, independente da religião, provém de Jesus. Mas o muçulmano vai dizer que provém de Alá, não de Jesus. Coisa semelhante ocorrerão com qualquer outra religião.  E isso sem falarmos nas experiências pessoais que muitos viveram ao longo dos milênios. Na Antiga Grécia, Roma, Egito ou em qualquer outro lugar ou época.

Minha experiência pessoal, por mais impactante e significativa que seja pra mim, não poderá ser explicada através de questões culturais e psicológicas? Se pode, então não faz sentido dizer que tive uma experiência pessoal com Deus, já que este é um ser espiritual, que não está sujeito ao material ou a cultural. E se é uma experiência pessoal, porque tenho que sair pregando e ensinando sobre isso para outras pessoas? Se é algo pessoal, por que a levo a esfera pública?

 
(Carlos Wilker)

1.       Jean é um personagem fictício.

FÉ É ALGO PESSOAL?


Inúmeras vezes ouvi pessoas falando que fé é algo pessoal, íntimo de cada um. Sendo assim, deve ser respeitada. Essa alegação muitas vezes demonstra ser uma defesa, um escudo contra investidas de questionamentos ou análises críticas. Mas será mesmo que fé é algo pessoal?

Uma coisa muito fácil de se constatar é que agimos e vivemos segundo nossas crenças pessoais, sejam quais for. Um judeu, um muçulmano, um hindu, um budista, um ateu, um comunista, um liberal, um vegetariano ou qualquer outro, guia suas atitudes baseado naquilo que acredita. Essa constatação já começa a desmoronar a idéia de que fé é algo pessoal. Nossas crenças pessoais determinam nossas atitudes e palavras. Ou seja, na esfera pública veremos apenas suas crenças “privadas” se manifestando.

Atualmente ocorrem debates acalorados sobre temas polêmicos, como aborto, eutanásia, pena de morte, casamento entre pessoas do mesmo sexo, evolução, criação. É óbvio que a opinião sobre cada um desse tema está apoiada em crenças pessoais. Se perguntássemos a cristãos e ateus, suas opiniões sobre esses temas, teríamos diferentes visões, sem sombra de dúvida. Se perguntássemos sobre a história das religiões, de Jesus e da bíblia a judeus, cristãos e muçulmanos, também teríamos visões diferentes. Vejam que são temas “públicos”.

Um cristão que tem fé em deus e na bíblia, guiará suas ações baseadas nisso. E não importa qual seja o assunto ou esfera. Sejam em decisões políticas, morais, ou sociais, ele se apoiará em sua fé. Portanto, essa história de querer colocar a fé num local reservado, é pura idiotice.

Outro problema bem evidente com a idéia de que fé é algo pessoal, é que ela faz questão de se mostrar. Se a fé em deus e na bíblia é algo puramente pessoal, por que existem tantas igrejas? Por que pregam e ensinam na TV, no rádio, em revistas, livros, DVD’s e CD’s? Isso não é uma violação da fé e crença alheia? Se é algo pessoal, por que essa determinação em querer que outras pessoas tenham a mesma fé? Por que não ficam com ela pra si mesmo?

A resposta é muito fácil. Essas pessoas alegam que sua fé é algo pessoal, mas pensam que ela é a verdade. Trocando em miúdos, um cristão pensa que todas as demais religiões e crenças estão erradas, equivocadas.

Evidências que sustente isso? Se for alguém que se recolhe e diz que sua fé é algo pessoal, fica difícil pedir evidências. É muito cômodo sair por aí pregando e ensinando algo e na hora de uma análise, se proteger dizendo que isso é algo pessoal!

 Carlos Wilker)